Sem concorrência

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23 de Setembro de 2013 por ofutebolinteligente

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Imagem: Denílton Dias/VIPCOMM

Muitos cruzeirenses não gostam quando alguém diz que a Raposa não tem concorrentes à altura nesse Brasileirão. Para eles, a frase soa como menosprezo à espetacular campanha que o time faz até aqui. De fato, pode até haver desdém quando parte da boca de algum atleticano mais amargo, no entanto, trata-se da mais pura verdade. O Cruzeiro está muito acima de todos os outros times. E isso não está acontecendo por acaso.

Os números  falam por si só. Com 50 pontos em 23 jogos, a campanha celeste já é a melhor da história dos pontos corridos, junto com a do Fluminense, no ano passado. Isso já seria o suficiente para mostrar que o provável título em dezembro não se deve apenas a uma suposta incompetência alheia.

O Cruzeiro vai muito bem porque sua direção conseguiu fazer várias coisas que outras não são capazes. Primeiro confiou no trabalho do treinador, que era contestado pela torcida desde antes de sua chegada, mesmo perdendo o estadual para o rival. Mas isso o Botafogo, atual vice-líder com oito pontos a menos, também fez. Embora tenha vencido o campeonato do Rio de Janeiro neste ano, o clube carioca bancou Oswaldo de Oliveira desde o início de 2012, mesmo passando por diversas turbulências. No entanto, os alvinegros, com sérios problemas financeiros, venderam Vitinho, um dos principais jogadores do time, bem no meio da temporada. Já a Raposa, que havia perdido apenas o apagado e sonolento Diego Souza, trouxe Wilian e Julio Baptista, que já fizeram muito mais do que o antigo camisa 10.

A chave para um título brasileiro é um bom elenco. E isso o Cruzeiro tem. O Fluminense no ano passado tinha no banco Rafael Sóbis e Wagner, que sempre entravam no mesmo nível dos titulares. Enquanto isso, o concorrente Atlético tinha de apelar para Escudero e Berola, quando Ronaldinho, Bernard ou Jô não estavam. O problema é que os cariocas montaram o ótimo time de 2012 com o dinheiro alheio, vindo de uma empresa (uns chamam de parceira) que visa lucro. Neste ano aconteceu o desmanche, fazendo com que o atual campeão nacional seja carta fora do baralho na temporada. Na contramão dos tricolores, o Cruzeiro ampliou o programa de sócio torcedor, explora bem as rendas do Mineirão e por isso teve grana para ir ao mercado de transferências.

Só que dinheiro para contratar e pagar bons salários não é privilégio da Raposa. Inter e Grêmio, por exemplo, há algumas temporadas contratam vários jogadores de altíssimo nível do futebol sul americano. Mas um amontoado de craques no centro de treinamento não é sinônimo de grande time. O Cruzeiro montou um grupo equilibrado, com bons nomes em todas as posições e, principalmente, com reservas à altura. O treinador Marcelo Oliveira não é dependente de nenhum jogador insubstituível, como é Ronaldinho no Galo ou Alex no Coritiba. Algo semelhante ao São Paulo tri campeão brasileiro entre 2006 e 2008.

O trabalho feito desde o fim do ano passado no Cruzeiro é que tornou o campeonato fácil para ele e difícil para os demais. Mesmo para quem pagou 15 milhões de euros em um só jogador, como o Corinthians, e quem teve qualidade suficiente para conquistar a América há dois meses, feito o rival Atlético. Vale lembrar que Grêmio em 2008 e Palmeiras em 2009 chegaram a ter vantagens maiores que a da Raposa neste ano, a menos rodadas do fim, e deixaram o título escapar. Mas pelo que temos visto até aqui, é mais provável que o Cruzeiro repita sua própria história de 10 anos atrás.

Pedro Galvão

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